Minha participação no FISL 6.0
Voltei do Fórum Internacional de Software Livre com novos pensamentos e boas idéias. Foi uma experiência única e bastante proveitosa. Ano que vem, com certeza, estarei em Porto Alegre novamente! [Foto: Anderson, Raposa, Guilherme, Tux, Eu]
A tendência que eu tinha antes do Fórum se confirmou lá: as palestras de cunho social e político foram as mais interessantes. Não faz muito sentido viajar 18 horas para ver palestras técnicas cujas referências podem ser encontradas facilmente na Internet.
Vou destacar brevemente algumas coisas que vi que mais me marcaram.
A palestra do meu xará, Sérgio Amadeu, logo de cara no primeiro dia prenunciou dias de grandes discussões sobre a importância social do Software Livre. Ele falou sobre como a "pirataria" mantém o monopólio das grandes empresas de Software Proprietário, entre outras coisas.
Fugindo um pouco ao tema social/político, assisti também ao Workshop do meu amigo Guilherme Silveira sobre um programa matemático que ele desenvolveu para análise de sistemas dinâmicos.
Assisti também a palestra do Eric Raymond, The Cathedral and The Bazar, da qual discordo em grande parte. Pareceu-me que ele basicamente queria arranjar um jeito de adequar as idéias do Software Livre ao modelo econômico e social atual, capitalista e injusto. Para mim a idéia do Software Livre traz em si uma beleza revolucionária magnífica que pode ser explorada em prol da formação de um mundo melhor, de uma nova ordem econômica que enfoque as pessoas e não o lucro. Para mim, o Software Livre deve ser precurssor de uma economia solidária e justa.
Não preciso nem dizer que eu estava na palestra do Projeto Software Livre Bahia sobre Software Livre e Economia Solidária. Foi uma palestra simples, visando apresentar o movimento de economia solidária ao movimento de software livre. Como eu já conhecia, fiquei sedento por discutir as relações entre os dois movimentos e como eles se completam na busca por uma sociedade mais justa. Mas notei que foi uma palestra muito importante e que abriu os horizontes de bastante gente que não conhecia a economia solidária. Sobre esse tema, quero pensar mais um pouco e escrever mais em breve...
E, ainda no âmbito político em busca de justiça social, eu encaixaria a palestra sobre Patentes de Software na Europa, sabiamente conduzida pelo galego-espanhol Suso Baleato. Patentear conhecimento é absurdo e perigoso. O pior de tudo isso é que está se tornando realidade. Se for aprovada na Europa, em pouco tempo isso chegará ao Brasil e o mundo todo estará congelado por mais esse meio de monopólio das grandes coorporaçoes. A luta contra o congelamento da inovação e a patenteabilidade do conhecimento, softwares inclusos, é essencial para o futuro da humanidade. Se essa atrocidade for aprovada, teremos sérias dificuldades em prosseguir com os movimentos solidários e anti-capitalistas.
Num âmbito mais local e imediato, participei do grande debate (2h) entre diversas autoridades do ramo de Software Livre, desde a comunidade com Marcelo Tosatti, Bruno Souza e Marcelo Branco até Empresas - IBM, Sun ... - e Governos, com Sérgio Amadeu, Caixa Econômica, Correios, Banco do Brasil, Presidência da República e o Estado do Paraná (que está fazendo um trabalho fantástico em prol do Software Livre). Deste debate muitas coisas surgiram.
Houve cobranças de todas as partes. Para mim, as grandes cobranças são para que a Comunidade desenvolva mais e para que o Governo colabore com a Comunidade. Primeiro, muita gente na Comunidade está se colocando apenas como usuário e não está contribuindo; há diversas formas de fazê-lo, mas o essencial é contribuir de alguma forma. Em segundo, o governo vem divulgando enormes economias em licenciamento de software proprietário e tem falado pouco em quanto disso retorna em investimento para a comunidade de Software Livre. Em especial, o Sérgio Amadeu chegou até a cobrar a obrigação de investimento no Software Livre por parte do Governo Federal, com a inserção clara desses investimentos no Plano Pluri-Anual.
Uma última palestra que assisti foi a do John Maddog Hall, também muito interessante, com o título Pirated Software is Not Free. Aliás, nesta quinta, dia 9 de junho, ele estará no IME palestrando para alunos e interessados as 19h. Mais informações aqui.
No finzinho do Fórum, após as palestras, tive o prazer de conhecer o Sérgio Amadeu pessoalmente junto com o pessoal do IME. Conversamos durante uma meia hora no meio do evento mesmo e ele comentou algumas das coisas que disse na palestra, além de falar das dificuldades e sucessos das políticas governamentais para o Software Livre que ele tem participado. Pudemos fazer algumas perguntas também e discutir outras coisas bastante pertinentes a liberdade e justiça social trazidas pelo Software Livre.
Aliás, durante a conversa, surgiu a idéia de levar o Sérgio Amadeu pro IME para falar de alguma coisa relativa aos aspectos sociais do Software Livre. Estamos conversando agora e tentando viabilizar isso pro segundo semestre - o Sérgio é bastante acessível e prestativo.
Enfim, o balanço final do fórum foi extremamente positivo. Algumas coisas que escrevi aqui depois quero detalhar em posts específicos e maiores. A idéia central que me ficou na cabeça é: o Software Livre já é uma realidade como melhor tecnologia e contenção de custos; precisamos agora enfocar no potencial revolucionário para concretizar, a partir do Software Livre, uma sociedade mais justa e solidária.
E viva o Software Livre! :-)
atualização: uma foto pelo menos né hehehe
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